segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Balança do Amor


Por Rafaela Carvello

“Vós vos despistes do homem velho com seus vícios, e vos revestistes do novo, que se vai restaurando constantemente à imagem daquele que o criou, até atingir o perfeito conhecimento”. Col 3,9

Nos últimos meses tenho feito muitas reflexões e descobertas, sem perceber passei a me conhecer melhor. Hoje, em nove meses de espera, assim como a mãe ao embalar o filho no ventre, na ânsia por vê-lo, seu rosto, suas mãos, seus olhos, espero uma gestação com ventre vazio. Estou grávida, mas não espero por um filho, mas por sinais do outro, por respostas que independem de mim.

A espera foi tão árdua, que parecia não ter fim. A ausência de respostas fez o meu coração, pobre moribundo, se cansar. E hoje, não sonho mais os mesmos sonhos, não vejo graça em teus olhos castanhos. Não há mais alegria na espera por ser cativado. O tempo, foi minando as esperanças de meu peito, que singelo guardou para si o que sentia.

Decidi que meus sentimentos não pertencem a ninguém, a não ser a mim mesmo. Na solidão, deposito-os ao coração de Deus, que me acolhe e ama. Com o amor mais puro e profundo, ao qual nenhum amor humano poderia sentir. Descobri que amar é uma decisão, e que antes de se amar o outro é preciso amar a si próprio.

Meu amor próprio e ao meu bom Deus, na balança da espera, se mostraram maiores e melhores do que o ensejo de paixão adolescente. Não posso contentar-me com migalhas, tão pouco com sinais deixados ao vento. Meu coração não pode ser cativo, pois antes de você chegar, ele já havia se plantado em Deus.

Na balança do amor, decidi lutar por mim através da presença de Jesus. O que me traz dúvida e inquietude não pode vir do alto, pois a presença de Cristo é paz. Se não aconteceu, o erro talvez não esteja em nós. A culpa não foi minha ou sua, apenas sonhamos com destinos diferentes e optamos por outros caminhos, outras histórias, outros momentos. Precisamos ser livres, e a liberdade significa não estar preso, por isso, não podemos ser cativos um ao outro, ainda que por palavras não ditas e por gestos insinuados.

Hoje decidi por ser livre, por acreditar, que o amor de Deus nos leva a felicidade e ao cumprimento de suas promessas. Alçar vôo em outros ares, em outros céus, fazer ninho em outras copas de árvores e continuar voando alto, raso e profundo.

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