segunda-feira, 24 de maio de 2010

Amar e ser sensato?





Rafaela Carvello


Detesto Jogos de Amor. Não sei se porque desconheço suas fórmulas mágicas ou não me sinto bem no papel de protagonista.Talvez seja porque assim como Drumond explicitou: " Amo porque te amo", não carece de explicação, de palavras susurradas ao ouvido de outros na tentativa de despertar a curiosidade, de abraços fingidos pretendendo aguçar o ciúme, de se revestir da famosa "capa" não estou nem aí pra você, quando na verdade se espera que o outro te olhe e perceba sua presença.


O amor vem da simplicidade, não surge do nada, mas nasce da convivência, do diálogo, lágrimas e sorrisos compartilhados.Assim como para Rubem Alves "o amor independe do que me fazes. Não cresce do que me dás. Se fosse assim ele flutuaria ao sabor dos gestos". Sim, nascemos porque Deus nos amou primeiro e por amor nos concebeu, o amor portanto está em nosso cerne, na alma, por isso, todo ser humano tem sede de "amar, desamar, amar".


Os Jogos de Amor, por sua vez, se limita a algumas poucas cartadas, seus dados são inconstantes, um dia ama, no outro odeia. Seu tabuleiro não anseia a conquista para felicidade do outro, e sim para satisfazer a si mesmo. Contrariando a lógica natural do amor, que "tudo espera, tudo crê e tudo suporta". É por amor e não por jogo, que muitos casais ao dizerem sim para o namoro, noivado ou casamento, estão na realidade afirmando um para o outro:" Sim, eu decidi renunciar a minha felicidade, meu individualismo, para te fazer feliz e compartilhar minha vida, alegrias e problemas ao seu lado". E é na impossibilidade de viver esse sim, que muitos desistem no meio do caminho mudando de rota, preferindo se ater aos jogos superficiais de sedução.


Jogos são sempre jogos, sempre haverá um perdedor e um ganhador, no entanto, os sentimentos não são sensatos, o coração não sabe perder, dói.Por isso, não gosto de jogos de amor, não por não saber perder, mas pelo tempo que dura para ferida cicatrizar.





Para pensar e refletir: Será que tenho amado ou estou jogando? Cuidado, pois as avós ja diziam:


Coração é terra que ningém manda, e sentimento é coisa que não se brinca!
Identidade afetiva





Por Rafaela Carvello

“Quero um namorado e não acho ninguém! Será que o erro está em mim? Eu virei o Santo Antônio para ver se ele me ajuda...rrsrs! Mulher é um bicho muito estranho, meus relacionamentos duram apenas meses!”

Quantos e tantos questionamentos circundam a vida de nossos jovens. O que mais me impressiona é o número de meninos e meninas que me procuram para falar de suas realidades afetivas. Em todas elas a resposta do problema é o mesmo: amaram até esgotar todo sentimento que tinham. Esqueceram, porém, de amar a si mesmas.
“Caríssimos amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus. E todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.”(Jo, 4,7). É fato que o Senhor ensina-nos a amar o outro, pois fomos criados a imagem e semelhança daquele que é “todo amor”. Entretanto, para amar alguém é preciso ter tanto amor dentro de si que possa então ser compartilhado. Como pedir a alguém que ame se ela não foi amada?
O amor é mais do que sentimento, é ensino. Aprende-se a amar na infância com os pais, colegas de escola, familiares, namoros de criança, na Igreja. Mas muitas vezes, mesmo com todos os lugares para se aprender a amar, ainda há alguns que não tiveram a mesma oportunidade de aprender. O que provoca a formação de pessoas extremamente carentes e dependentes do outro. As pessoas do nosso século não conseguem viver só. A possibilidade do isolamento é para os que estão fora dos padrões de moda: feios, gordinhos, cdf, e outros milhares de apelidos perjorativos.
A solidão não foi feita para os belos e bem sucedidos. Fernando Pessoa escreveu: “Se te é impossível viver só nasceste escravo.” Nossa geração nasceu escrava. Quer amar sem se conhecer, sem aceitar suas limitações, sendo estranhas a si mesmas. Quantos jovens não saem de relacionamentos como ‘pássaros feridos, sem força para voar’ e logo começam outro namoro. Seja por fuga, ou muitas vezes, porque é doloroso observar as feridas do passado.
O que se precisa entender é que cada relacionamento terminado deixa marcas eternas. Algumas precisam ser cicatrizadas com o tempo. Outras com curas interiores. Como podemos doar-nos a outro namoro se levamos ao outro nossos vícios do relacionamento anterior? O que a maioria de nossos jovens tem feito por medo de conhecer suas identidades afetivas diante da solidão é entrar de cabeça em outros amores sem perguntar se o outro está disposto a aceitá-lo como está.
Os resultados de relacionamentos assim são desastrosos. Não se ama por fuga, nem se pode começar algo na esperança de aprender a amar o outro com o tempo, porque ele é plantado por Deus. E não parte do desejo humano.  Para se amar é preciso estar curado e livre. Nasceste livre ou escravo?