sábado, 5 de dezembro de 2009

Se é aliança é eterna



















Por Rafaela Carvello            

"Façamos o homem a nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra.Deus criou o homem a sua imagem, criou a imagem de Deus, criou o homem e a mulher." Gen 1,26-27

Nos últimos dias tenho estado impressionado com a quantidade de jovens utilizando "aliança de compromisso". Digo aliança entre aspas, porque acredito que a grande maioria das pessoas desconhecem o significado desta palavra, e se deixam levar pelos atributos da moda.
Quando Deus criou o homem, descrito em Gênesis, ele estabelece com o homem uma profunda e eterna aliança. Isso significa que não foi um contrato, um acordo de conciliação com papel timbrado e registro em cartório. A aliança é uma relação intima, com consentimento de ambas as partes, na qual está presente o único sentimento capaz de sustentá-la e torná-la duradoura_ O AMOR.
A Bíblia diz que toda a história de Israel está baseada na aliança do povo com YAWEH. Tal aliança deve nortear o comportamento de cada individuo, bem como o de toda nação. Isso significa que colocar um anel de compromisso no dedo e chamá-lo de aliança em um namoro onde os enamorados vivem a mercê de seus próprios desejos, sem qualquer intenção de viver algo eterno e feliz, não está correto.
A aliança, é a responsável no noivado e no casamento por conferir a missão aos casais de uma vida nova, baseada na cumplicidade, respeito, doação. No morrer para si diariamente e doar-se a felicidade do outro. Portanto, ao  receber a benção sobre as alianças, os casais estão firmando diante de Deus o desejo de serem "carne da mesma carne e osso do mesmo osso". É quase que um sacramental, porque estabelece-se com  Pai do Céu uma relação sagrada.
Dizer que se usa aliança somente para sinalizar que o outro está comprometido, remete a imagem de posse, na qual o namorado usa a aliança porque é "meu namorado" e de mais ninguém. A "aliança" passa então a exercer uma função distorcida da real, na qual, passa a ser sinônimo de poderio, bem material e imaterial, uma vez que se torna dono do corpo e dos sentimentos do outro. A aliança, não pode ter qualquer relação com posse, justamente porque parte do interesse, do consentimento, do desejo, de ambas as partes e de Deus. A aliança é assim como o amor, eterno. Porque se não foi eterna não foi aliança e tão pouco amor, pois "o amor tudo crê, tudo espera, tudo suporta."

terça-feira, 1 de dezembro de 2009




Tenho ficado impressionado com a quantidade de mulheres sozinhas que me procuram, no consultório. Na categoria “mulheres sozinhas”, incluo também aquelas que estão em relacionamentos nos quais o parceiro está, mas não está, saca? Não? Eu também não, mas, acredite se quiser, esta é a categoria mais densamente povoada do meu gráfico relativo á população feminina da nossa espécie, no momento. Pelo menos, as que me procuram…


Como é um relacionamento no qual o parceiro está, mas não está? Ah, ele está, mas não tem compromisso nenhum de estar lá amanhã ou depois. Ele está “ficando” com ela (e com a torcida do Flamengo ao mesmo tempo) enquanto a “parada rolar”, saca?


Algumas clientes me contam o mesmo roteiro: ela estava namorando um rapaz. Daí eles se separaram. Depois da separação, “ficaram” durante algum tempo e ele arrumou outra. E agora, como estão? Eu pergunto… Ah, agora a gente tá só de “rolo”, saca?…



Vejam, em um pequeno parágrafo, temos três categorias diferentes de relacionamentos: namoro, ficar e rolo. Não sei se sei claramente o que vem ser cada uma e a diferença entre elas, mas me parece que o que as caracteriza, são os teores de comprometimento com a relação, encontrados: o baixo, o baixíssimo e o quase inexistente, que seria uma espécie de “Coca-Diet” dos relacionamentos.



Traduzindo: Ela tinha um namorado. Eles tinham um relacionamento. Havia momentos, conflitos, negociações, resoluções de conflitos, sexo, que ás vezes era bom, ás vezes era ruim, e ás vezes não rolava. Gozo, lágrimas, cobranças, baixarias, momentos sublimes… Eles saiam juntos para ir jantar, ir ao cinema, ir visitar os pais dela, os dele, a tia chata que está no hospital… Ele tinha que comprar um presente para ela no dia do aniversário dela, ela no dele… Dia dos namorados… Levar o cachorro para dar uma volta, dar uma dura no irmão menor dela, que não respeita ninguém… Um auxiliava o outro a estudar para o concurso, a prova da carteira de motorista… Ela lia o evangelho pra ele, que era ateu… Enfim, algo cheio de altos e baixos, momentos bons e ruins, alegres e tristes, que eles iam vivendo juntos, compartilhando… Tipo “Eduardo e Mônica”… Saca? Estavam até pensando em noivar… Em 2012 (se o mundo não acabar…)



Então ele começou a achar ruim essa história, por que tudo isso estava “limitando a liberdade” dele, e ele é muito jovem e precisa “viver a vida”, saca?… Uai tchê, mas aquilo tudo lá que eles estavam vivendo juntos não é a vida? É o que então? O que é a vida, então?
Mas ele achou (e os pais dele concordaram) que ele é “muito jovem para se comprometer”, e que precisa “aproveitar mais a vida”… Afinal, ele só tem trinta e cinco anos… Eles romperam o namoro…



Se você acha que cada um seguiu o seu rumo na vida, lambendo as feridas e cicatrizando o que ficou aberto, para se permitir uma nova relação com outra pessoa, você está completamente enganado. Eles agora inauguraram uma nova modalidade: o ficar. Eles “ficam”, de vez em quando.
Qual é a diferença? Bem, de toda aquela lista de coisas que eles faziam juntos, lá em cima, sobrou apenas o sexo, e sair, vez por outra para um jantar ou um cinema (cada um paga o seu, que fique bem claro). Ou seja, tira-se fora o ônus da relação, e fica-se apenas com o bônus. Filé sem osso, peixe sem espinhas, aquelas saladas que já se compram prontinhas para ir á mesa, não precisa nem lavar… Empacotadinho, você nem suja as mãos… Genial, não?



E o que aconteceu nos capítulos seguintes? Bem, ele arrumou outra namorada. Mas… Ele não era jovem demais para perder a sua “liberdade”? Sim, mas essa é gatíssima, e tem uns dez anos a menos, e… é malhadíssima, e… coisa de alma, espiritual, saca? Coisa de outra vida…   E a cliente?  Eles se separam de vez? Você poderia perguntar. Acabou o “ficar”?



Sim e não… Mais ou menos… Eles agora não estão mais ficando, eles estão de “rolo”. Saca?



Agora, de toda aquela lista, só sobrou o sexo. E é sempre bom, porque ela agora é a “outra”, e sexo com a outra sempre é mais gostoso, saca?



Este sim é o supra-sumo da “relação free”, “Amor” livre mesmo, a grande evolução da nossa espécie, o fast-food dos relacionamentos, só prazer, puro prazer… A Coca-Zero: o fast-foda. Nenhum compromisso meeeesmoooo! Nenhum sofrimento, nenhuma preocupação, nenhuma chateação. Até uma garota de programa, que recebe dinheiro explicitamente pelos seus serviços, recebe mais consideração…



Sim, podemos freudianamente enumerar uma lista de motivos para ela topar um “negócio da china” destes, e eu faria isto sem nenhuma objeção. Mas quando algo vira uma epidemia mundial, penso que temos que ir por outro caminho…



Já dizia Carl Jung em meados do século passado (JUNG, C.G.; Sobre o Amor - Seleção e edição de Marianne Schiess; Editora Idéias & Letras, Aparecida, SP, 2005; pg.23):

Assim como nenhuma planta cresce contra a morte, não existem meios simples de se facilitar uma coisa difícil, como no caso da vida. Podemos somente eliminar a dificuldade por meio de um correspondente emprego de energia. As soluções libertadoras só existem quando o esforço é integral. Todo o resto é coisa mal feita e inútil. Só se poderia pensar em amor livre se todas as pessoas realizassem elevados feitos morais. Mas a idéia do amor livre não foi inventada com esse objetivo e sim para deixar algo difícil parecer fácil. Ao amor pertencem a profundidade e a fidelidade do sentimento, sem os quais o amor não é amor, mas somente humor. O amor verdadeiro sempre visa ligações duradouras, responsáveis. Ele só precisa da liberdade para escolha, não para sua implementação.Todo amor verdadeiro, profundo é um sacrifício. Sacrificamos nossas possibilidades, ou melhor, a ilusão de nossas possibilidades. Quando não há esse sacrifício, nossas ilusões impedirão o surgimento do sentimento profundo e responsável, mas com isso também somos privados da experiência do amor verdadeiro. O amor tem mais do que uma coisa em comum com a convicção religiosa: ele exige um posicionamento incondicional, ele espera uma doação completa. E como apenas aquele que crê, aquele que se doa por completo a seu Deus, partilha da manifestação da graça de Deus, assim também o amor só revela seus maiores segredos e milagres àquele capaz de uma doação incondicional e de fidelidade de sentimentos. Como esse esforço é muito grande, só alguns poucos mortais podem vangloriar-se de tê-lo realizado. Porém, como o amor mais fiel e o que se doa ao máximo sempre é o mais belo, nunca se deveria procurar o que pudesse facilitá-lo. Só um mau cavaleiro de sua dama do coração recua diante da dificuldade do amor. O AMOR É COMO DEUS, AMBOS SÓ SE OFERECEM AOS SEUS SERVIÇAIS MAIS CORAJOSOS.



É claro que Jung está falando de algo muito elevado, de um modelo ideal. Mas não podemos deixar de olhar para a situação em que nos encontramos, na qual estamos fazendo justamente aquilo que ele diz ser “coisa mal feita e inútil”, aquilo que ele diz não ser amor, e sim apenas humor, e nos perguntarmos: onde este trem vai parar? O que acontece quando tornamos algo difícil parecer fácil? O que acontece conosco, quando não queremos mais viver nenhum tipo de sacrifício pelo amor? Nenhum tipo de sacrifício? O que acontece conosco quando renunciamos ao amor, ou a possibilidade de vir a conhecê-lo, mesmo que de longe? O que acontece conosco quando renunciamos á renuncia, e partimos numa viagem desesperada em busca de prazer?



O que acontece conosco quando nos prostramos aos pés de uma deusa chamada liberdade, mesmo que não tenhamos a menor idéia do significado espiritual desta palavra?



Podemos talvez nos perguntar o que vai acontecer com essa geração de homens e mulheres, essa geração de menininhos e menininhas mimados que só querem comer a cobertura de chocolate do bolo? Menininhos e menininhas que quando encontram o recheio de ameixa, logo pegam outra fatia, para comer só o “docinho”… O que espera essa geração de gente que foge da entrega e do amor, que nem o diabo foge da cruz? Essa gente que foge do compromisso, de decisão? Da escolha, do sacrifício, essa gente que foge da dor… E da vida… O que acabará por encontrar?



Talvez esta fala do velho sábio esteja relacionada com a explosão nas vendas de antí-depressívos e antí-ansiolíticos que observamos nas últimas décadas…  Talvez este assunto que discutimos aqui esteja relacionado de alguma maneira com as previsões sombrias da OMS (Organização Mundial de Saúde), de que teremos 35% da população mundial sofrendo de depressão em 2020, e outros 35% atolados em alguma forma severa de adição, sejam drogas, alcool, comida, sexo ou compras…



Saca?

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A renovação da águia



"A águia, ave que possui a maior longevidade da espécie, chega a viver 70 anos. Mas, para chegar a essa idade, aos 40 anos ela tem que tomar uma séria decisão. Vejamos: Aos 40 anos, está com as unhas compridas e flexíveis, não consegue mais agarrar as suas presas das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curva, apontando contra o peito. As asas estão envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, e voar já é tão difícil! Então, a águia só tem duas alternativas: morrer...ou...enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar 150 dias. Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher a um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar. Então, após encontrar esse lugar, ela começa a bater o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo, sem contar a dor que terá que suportar. Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vai depois arrancar as velhas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ala passa a arrancar as velhas penas. E só após cinco meses sai para o famoso vôo de renovação e para viver então, mais 30 anos.




Em nossa vida, muitas vezes temos de nos resguardar por algum tempo e começar um novo processo de renovação. Para que continuemos a voar um vôo de vitória, devemos nos desprender de lembranças, costumes, e outras tradições que nos causam dor. Somente livres do peso do passado, poderemos aproveitar o resultado valioso que uma renovação sempre trás."

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

VOANDO BAIXO, VOANDO ALTO




“Essa nave que decola todo dia em direção ao além, vou buscar minha história que um dia eu contarei a alguém. Essa vida que decola todo dia em direção a alguém, pode voar baixo e alto também”.
Não foi por acaso. Não se trata de destino. É providência de Deus. Enxergamos o erro como algo ruim. O Erro não deve ser visto assim. Ao errar, caímos e a dor da queda muitas vezes é insuportável. Contudo, a glória encontra-se na superação, no levantar-se, no reerguer-se e voltar a caminhar sem cometer os mesmos erros. A vida é cheia de altos e baixos, principalmente pra o cristão convicto e atuante: somos perseguidos dia e noite pelas forças das trevas. O inimigo insiste em nos tirar do foco. A grande virtude encontra-se na capacidade de reconhecer o erro, pedir perdão e voltar para os braços de Deus. Somos humanos. Somos afoitos. Queremos tudo “pra ontem”. E a “coisa” não é bem assim. “Existe um tempo pra cada coisa”. Estamos sempre pedindo e questionando a Deus. Ele está sempre a nos atender e a nos responder. Só que nós, humanos que somos, às vezes, tapamos os olhos e ouvidos de nosso coração e de nossa alma, deixando abertos apenas os olhos e ouvidos humanos. Acabamos por não ouvir a voz de Deus. Ouvimos apenas nossos desejos e nossas paixões, nos confundindo e assim, não realizando a vontade de Deus em nossas vidas e em nosso ministério. Deixamos o humano falar mais alto que o espiritual. Deixamos os laços de amizade e fraternidade humanas falarem mais alto do que a voz e o chamado de Deus. A separação e a perda doem, machucam. Contudo, fazem parte de um processo da vida. Às vezes é necessário perder para ganhar. É necessário errar para aprender. Por mais que erremos, os sonhos de Deus não param. Sua Santa Vontade continua e ele precisa de nós, unidos e preparados para inúmeras batalhas e, por que não, inúmeras quedas. Agora, mais do que nunca, é hora de ouvir a voz de Deus e colocar os Seus planos em ação. É hora morrermos para nós mesmos e renascermos em Cristo. Deixar o medo e culpa para trás. Pegarmos nossas espadas, nossos escudos e nos prepararmos para a grande guerra que está por vir. Despirmo-nos da vaidade e vestirmo-nos com a armadura do cristão. Altos e baixos estão por vir. Inúmeras perdas. Fortes tempestades. Estaremos junto às Milícias Celestes, exércitos de Anjos, voando e desviando de perigosos raios. Somos Malak Yahweh. Vamos voar agora com o Arcanjo São Miguel e com os anjos Gabriel e Rafael rumo ao infinito e não olhar pra trás, para aquele “homem velho” que deixamos ao pé da cruz de Jesus Cristo.
Sajâmes Paiva de Araújo

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Morrer para si é decisão.






“Todos os meus temores se realizam, e aquilo que me dá medo vem atingir-me. Não tenho paz, nem descanso, nem repouso; só tenho agitação.” Jó 3,26
Por Rafaela Carvello
Sempre sonhei com uma pequena casa no campo. Longe da agitação e dos ruídos da cidade. Um lugar onde se pode ouvir o ruído do vento a tocar na folha das árvores e onde se dá para acordar e caminhar pela grama molhada do orvalho da madrugada. A casa não precisaria de luxo, portas e janelas de madeira, com cadeiras de descanso na entrada. Cozinha com fogão a lenha, e o cheiro de café fresco e pão de queijo assado. A materialização desse sonho seria a personificação de minha personalidade, ter uma casa distante do mundo moderno, é fruto de uma pessoa que não gosta muito de platéia. Ou do flash das máquinas fotográficas, do frenesi dos carros, buzinas, cheiro de poluição. No entanto, quando se escolhe viver os sonhos de Deus, aprende-se a despojar de si mesmo e a viver com aquilo que o pai deseja. Sempre desejei o sossego, e a cada dia me percebo envolvida em milhares de compromissos, muitos atendimentos de oração, muito aconselhamento, curas, libertações, o povo se encontra machucado. Como dizer não a uma mãe que perdeu o filho? A um casal em crise? A uma jovem que fez aborto e se arrependeu? Não, não há como fugir. Quando olho para a dor do outro percebo que mesmo que tivesse minha casa no campo, teria uma alma inconformada, não preciso do descanso em terra, mas sim do descanso eterno. Há uma humanidade que caminha sem rumo, por um século em depressão. “Jovens que vendem seus corpos por poucos trocados”, famílias destruídas, banalização dos sacramentos, comércio com o que é sagrado, pessoas ludibriadas, consumistas, endividadas. Dor, choro e ranger de dentes. Quando deito sou capaz de escutar seus gritos de ajuda, por isso, fecho meus olhos por instantes e peço a Deus que me permita ajudá-los, que me permita ser uma oblação perfeita a sua vontade, peço que me dê forças e me encha de sabedoria, porque sou humana, rezo para que meus ouvidos lhe escute todos os dias e que meus olhos não desejem o que não pode ser meu.Não tenho uma casa no campo, mas moro em um quarto cedido por um familiar, não acordo pisando descalço na grama, mas correndo pelo assoalho de madeira para não perder a aula e depois o Grupo de Oração na Universidade. A cozinha não tem fogão à lenha, mas microondas que esquenta mais rápido e me permite resolver os problemas em menor tempo. Na entrada da casa não há cadeiras de descanso, mas um alto portão de ferro, que tranco quase todas as tardes ao sair para alguma nova missão. Apesar de não ter realizado todos os meus sonhos pessoais, sou feliz, por que me sinto realizada com as realizações e conquistas dadas por Deus, e que no fundo são muito maiores que meus mais altos sonhos. É preciso morrer para mim todos os dias, pois só assim chego mais perto do céu.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

SOBRE O AMOR, ROSAS E ESPINHOS...


Amor que é amor dura a vida inteira. Se não durou é porque nunca foi amor.

O amor resiste à distância, ao silêncio das separações e até às traições. Sem perdão não há amor. Diga-me quem você mais perdoou na vida, e eu então saberei dizer quem você mais amou.

O amor é equação onde prevalece a multiplicação do perdão. Você o percebe no momento em que o outro fez tudo errado, e mesmo assim você olha nos olhos dele e diz: "Mesmo fazendo tudo errado eu não sei viver sem você. Eu não posso ser nem a metade do que sou se você não estiver por perto."

O amor nos possibilita enxergar lugares do nosso coração que sozinhos jamais poderíamos enxergar.

O poeta soube traduzir bem quando disse: "Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos dentro de mim e vivesse na escuridão. Se eu não te amasse tanto assim talvez não visse flores por onde eu vi, dentro do meu coração!"

Bonito isso. Enxergar sonhos que antes eu não saberia ver sozinho. Enxergar só porque o outro me emprestou os olhos , socorreu-me em minha cegueira. Eu possuia e não sabia. O outro me apontou, me deu a chave, me entregou a senha.

Coisas que Jesus fazia o tempo todo. Apontava jardins secretos em aparentes desertos.

Na aridez do coração de Madalena, Jesus encontrou orquídeas preciosas. Fez vê-las e chamou a atenção para a necessidade de cultivá-las.

Fico pensando que evangelizar talvez seja isso: descobrir jardins em lugares que consideramos impróprios.

Os jardineiros sabem disso. Amam as flores e por isso cuidam de cada detalhe, porque sabem que não há amor fora da experiência do cuidado. A cada dia, o jardineiro perdoa as suas roseiras. Sabe identificar que a ausência de flores não significa a morte absoluta, mas o repouso do preparo. Quem não souber viver o silêncio da preparação não terá o que florir depois...

Precisamos aprender isso. Olhar para aquele que nos magoou, e descobrir que as roseiras não dão flores fora do tempo, nem tampouco fora do cultivo.

Se não há flores, talvez seja porque ainda não tenha chegado a hora de florir. Cada roseira tem seu estatuto, suas regras...

Se não há flores, talvez seja porque até então ninguém tenha dado a atenção necessária para o cultivo daquela roseira.

A vida requer cuidado. Os amores também. Flores e espinhos são belezas que se dão juntas. Não queira uma só. Elas não sabem viver sozinhas...

Quem quiser levar a rosa para sua vida, terá que saber que com ela vão inúmeros espinhos.

Mas não se preocupe. A beleza da roza vale o incômodo dos espinhos... ou não.

Pe. Fábio de Melo

Balança do Amor


Por Rafaela Carvello

“Vós vos despistes do homem velho com seus vícios, e vos revestistes do novo, que se vai restaurando constantemente à imagem daquele que o criou, até atingir o perfeito conhecimento”. Col 3,9

Nos últimos meses tenho feito muitas reflexões e descobertas, sem perceber passei a me conhecer melhor. Hoje, em nove meses de espera, assim como a mãe ao embalar o filho no ventre, na ânsia por vê-lo, seu rosto, suas mãos, seus olhos, espero uma gestação com ventre vazio. Estou grávida, mas não espero por um filho, mas por sinais do outro, por respostas que independem de mim.

A espera foi tão árdua, que parecia não ter fim. A ausência de respostas fez o meu coração, pobre moribundo, se cansar. E hoje, não sonho mais os mesmos sonhos, não vejo graça em teus olhos castanhos. Não há mais alegria na espera por ser cativado. O tempo, foi minando as esperanças de meu peito, que singelo guardou para si o que sentia.

Decidi que meus sentimentos não pertencem a ninguém, a não ser a mim mesmo. Na solidão, deposito-os ao coração de Deus, que me acolhe e ama. Com o amor mais puro e profundo, ao qual nenhum amor humano poderia sentir. Descobri que amar é uma decisão, e que antes de se amar o outro é preciso amar a si próprio.

Meu amor próprio e ao meu bom Deus, na balança da espera, se mostraram maiores e melhores do que o ensejo de paixão adolescente. Não posso contentar-me com migalhas, tão pouco com sinais deixados ao vento. Meu coração não pode ser cativo, pois antes de você chegar, ele já havia se plantado em Deus.

Na balança do amor, decidi lutar por mim através da presença de Jesus. O que me traz dúvida e inquietude não pode vir do alto, pois a presença de Cristo é paz. Se não aconteceu, o erro talvez não esteja em nós. A culpa não foi minha ou sua, apenas sonhamos com destinos diferentes e optamos por outros caminhos, outras histórias, outros momentos. Precisamos ser livres, e a liberdade significa não estar preso, por isso, não podemos ser cativos um ao outro, ainda que por palavras não ditas e por gestos insinuados.

Hoje decidi por ser livre, por acreditar, que o amor de Deus nos leva a felicidade e ao cumprimento de suas promessas. Alçar vôo em outros ares, em outros céus, fazer ninho em outras copas de árvores e continuar voando alto, raso e profundo.

Minha namorada quer transar, e agora?















O relacionamento sexual não é mera aventura ou sonho de verão

Recebi muitos comentários sobre o artigo "Meu namorado quer transar, e agora?", sendo que alguns rapazes cristãos chamaram a minha atenção no sentido de que hoje as moças também estão muitas vezes exigindo "transar" no namoro, deixando-os em situação difícil.

Em primeiro lugar, devo dizer que recebi o título do artigo da equipe do Portal da Canção Nova e pensei que devesse me limitar a ele; na verdade, eu poderia ter abordado o assunto de ambos os lados, das moças e dos rapazes.

No tempo do meu namoro – que já vai longe! – quase não se cogitava a possibilidade de uma moça exigir do namorado a realização do ato sexual; e os pais cuidavam disso muito de perto. Talvez por isso, inconscientemente, eu tenha me restrito ao tema do artigo proposto.

Um rapaz, que reclamou da parcialidade do meu artigo, disse-me que terminou o namoro com uma garota porque ela exigia dele vida sexual. Na resposta a seu e-mail, a primeira coisa que escrevi foi um elogio a ele com minhas congratulações por se comportar de verdade, corajosamente, como um jovem verdadeiramente cristão; algo não tão comum hoje em dia.

Nossos jovens cresceram sem receber a menor informação sobre o "brilho" da virtude da pureza; e, por isso hoje, quase sem culpa, estão encharcados de sexo vazio.

Se o ato sexual no namoro não deve ser forçado pelo rapaz, muito menos pela moça, uma vez que ela é quem mais vai ficar marcada com esse comportamento. Ora, sabemos que a mulher é detalhista e não se esquece de nada que ocorra na sua vida, especialmente na área romântica. Minha esposa, depois de 40 anos, ainda sabe a cor da camisa que eu usava quando comecei a namorá-la; lembra-se de tudo, dos detalhes, das músicas... Confesso que eu não me lembro de quase nada.

É preciso dizer aqui que a parte que mais sofre com a vida sexual fora de lugar é a mulher. A jovem, na sua psicologia feminina, não esquece os menores detalhes da sua vida amorosa. Ela guarda a data do primeiro encontro, o primeiro presente, etc... Será que ela vai se esquecer da primeira relação sexual? É claro que não!

A primeira relação deve acontecer num ambiente preparado, na lua-de-mel, quando a segurança do casamento a sustenta. A vida sexual de um casal não pode começar de qualquer jeito, às vezes dentro de um carro numa rua escura, ou mesmo num motel, que é um antro de prostituição. O relacionamento sexual não é mera aventura ou sonho de verão; não, é o selo de um compromisso de duas pessoas maduras que decidiram entregar a vida um ao outro e aos filhos, até a morte. O sexo e o amor são a nascente da vida humana; e não uma mera curtição.

Além do mais, quando o namoro termina, as marcas que o sexo deixa ficam no corpo da mulher para sempre. Para o rapaz tudo é mais fácil. Ele não precisa usar pílula anticoncepcional (que faz mal para a mulher), nem o DIU ou a pílula do dia seguinte, que é uma bomba de hormônio na mulher. O rapaz não corre o risco também de uma gravidez indesejada ou de procurar o crime do aborto para eliminar a criança que não devia ter sido gerada.

Eu me lembro que, na década de 70, para diminuir os acidentes de trânsito, o Governo lançou um slongan: "Não faça de seu carro uma arma, a vítima pode ser você". Podemos perfeitamente plagiar essa frase e dizer: "Não faça do seu corpo uma arma, a vítima pode ser você". Já vi e ouvi muita moça chorar porque brincou com o sexo. Não faça isso.

O namoro é o tempo de conhecer o coração do outro e não o seu corpo; é o momento de explorar a sua alma e não o seu físico. Para tudo há a hora certa, no momento em que as coisas acontecem com equilíbrio e com a bênção de Deus. Espere a hora do casamento, e então você poderá viver a vida sexual por muitos anos e com a consciência em paz, certa de que você não vai complicar a sua vida, a do seu namorado e nem mesmo a da criança inocente.

O bom para o namoro é uma vida de castidade, que é a melhor preparação para o casamento. Sem dúvida, um casal de namorados que souber aguardar a hora do casamento para viver a vida sexual, é um casal que exercitou o autocontrole das paixões e saberá ser fiel um ao outro na vida conjugal.

Se você quer um dia construir uma família sólida, um casamento estável e uma felicidade duradoura, então precisa plantar hoje para colher amanhã. Ninguém colhe se não semear. Na Carta aos Gálatas, São Paulo diz: "De Deus não se zomba. O que o homem semeia, isto mesmo colherá" (Gl 6,7).

Peço que você faça esta experiência: veja quais são as famílias bem constituídas, veja quais são os casamentos que estão estáveis e verifique sob que bases eles foram construídos. Você verá que nasceram de casais de namorados que se respeitaram e não brincaram com a vida do outro.

Felipe Aquino
Prof. Felipe Aquino, casado, 5 fihos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II.

Castidade? Que bicho é esse?



“É uma virtude moral que preserva o homem de qualquer complacência indevida com a satisfação sexual.
É a expressão de uma plena vitória da vontade sobre o instinto.
É uma nota inconfundível das almas nobres e fortes.
O homem casto não é apenas aquele que não tem uma vida desregrada, mas é o que exerce pleno controle não só sobre seus atos e palavras, mas também sobre seus impulsos íntimos e seus desejos.”

Por Rafaela Carvello

Qual a motivação interior para que o cristão consiga viver a castidade, já que em alguns momentos diante das facilidades do mundo, parece uma realidade tão difícil de ser vivida? Nós somos formados de corpo e alma. Pois bem, o ato sexual é o encontro de dois corpos que formam um só corpo e em uma comunhão plena de almas e deve ser feito para honra e gloria do Senhor, que ao criar o homem e a mulher fez o osso do mesmo osso e a carne da mesma carne, ou seja, ambos foram formados da mesma origem e juntos formarão uma só carne.Mas a carne não existe sem alma, portanto a relação sexual é um encontro de almas.

Para cada ser humano cuja vocação é o matrimônio deve-se ter consciência que Deus já separou uma pessoa que completará sua carne e sua alma, formando um encaixe perfeito, ou ainda uma comunhão plena.Assim foi com Adão e Eva, ou mesmo, com Sara e Tobias que apesar de se casar sete vezes e ter um demônio que matava seus maridos na noite de núpcias, confiou nas promessas de Deus, que por sua vez preparava Tobias através do anjo Rafael para o enlace matrimonial.Por isso, a castidade é importante, representa aespera daquele que Deus separou para cada um de nós.Mas essa espera deve ser acompanhada de oração, entrega da pessoa, de seu trabalho, do momento do encontro, orar para que ambas famílias se completem e assim possam estabelecer um relacionamento saudável, um matrimônio abençoado e feliz.

O sexo antes do matrimônio, de forma desregrada e praticada com aqueles que não foram os eleitos de Deus, dos quais nos relacionamos seja por carência ou por paixão, pode não só evitar a comunhão plena, com um encaixe perfeito de corpo e alma, como pode deixar seqüelas desagradáveis, sentimentos de abuso e em alguns casos a lembrança pode ser tão forte que pode ocasionar repulsa do cônjuge após o casamento, por trazer ainda nos vagões de sua memória traumas, machucados, vícios, dentre outros.

Durante a continência no namoro e noivado o que poderia representar uma provação, torna-se uma oportunidade única da descoberta do respeito mútuo, da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus. Reservando assim para o casamento as manifestações de ternura específica da união conjugal.

Fonte: Extraído do Livro Eu nasci pra ele/ Ela nasceu pra mim.