segunda-feira, 19 de julho de 2010

Eu quero o mundo real

"Sempre notei que as pessoas falsas são sóbrias, e a grande moderação à mesa geralmente anuncia costumes dissimulados e almas duplas."

Jean Jacques Rousseau

Por Rafaela Carvello


Tenho horror a pessoas verdadeiras. E sabe por quê? Elas nos fazem refletir sobre realmente quem somos. Nos olham tão sinceramente que se torna perturbador a hipótese de sua análise sobre nosso comportamento_ por tantas vezes dissimulado. Apesar de detestar seus olhares de inquietação, também as admiro como a beleza dos que aceitam melancolicamente o nascer e o pôr do sol.

O mundo precisa de pessoas sinceras, que assim como o sol, não se escondem, não fingem, mas mostram se diariamente como os raios de luz sobre o céu do verão. São seres que não tem vergonha de serem autênticos, de lutarem por pensamentos, causas, amores. E que se entregam a vida como aqueles que desfrutam dos arroubos da paixão adolescente.

Precisamos de amizades verdadeiras, não falo daquelas que se dependuram no telefone, msn, orkut, por horas e horas a fio. Falo de amizades que cuidam, escutam, se doam, acolhem, e, vez ou outra, chama atenção com a doçura maternal de quem se preocupa com a felicidade do outro.

Abaixo as amizades fingidas, ao_ Menina como você está linda! Quando na verdade, dentro de seus pensamentos figura a frase: _Meu Deus! Como ela está horrorosa com esse cabelo vermelho e essas botas de couro de onça. Abaixo a hipocrisia de sair com alguém, não porque se gosta dessa pessoa. Mas por medo de ficar sem companhia em uma sexta-feira a noite.

Abaixo aos namoros que perderam o sabor da paixão e vivem acomodados na carência humana que impedem um "não" dito com sinceridade. Ah! Se as pessoas descobrissem a beleza do amor e a simplicidade de amar, não viveriam no cárcere de relacionamentos falidos, regado a ignorância da carência. Do medo de ser sozinho.

É preciso amor verdadeiro, carinho verdadeiro, olhar nos olhos do outro e deixar-se refletir como uma moldura sobre um quadro de Rembrant. É ser chato quando se sente chato, ser doce quando se sente doce e aprender a partilhar com o outro as vãs loucuras dos sonhos impossíveis.

Chega da política de conchavos, negócios e associações. De apertos de mãos fingidos. Do comer bacalhau quando se detesta peixe. De dizer que se está lindo ou linda só para não quebrar as regras de etiqueta. Chega de mundo sem olhares sinceros, sem beijo honesto e sem humanidade verdadeira. Eu quero o mundo real.

Nenhum comentário:

Postar um comentário