segunda-feira, 24 de maio de 2010

Identidade afetiva





Por Rafaela Carvello

“Quero um namorado e não acho ninguém! Será que o erro está em mim? Eu virei o Santo Antônio para ver se ele me ajuda...rrsrs! Mulher é um bicho muito estranho, meus relacionamentos duram apenas meses!”

Quantos e tantos questionamentos circundam a vida de nossos jovens. O que mais me impressiona é o número de meninos e meninas que me procuram para falar de suas realidades afetivas. Em todas elas a resposta do problema é o mesmo: amaram até esgotar todo sentimento que tinham. Esqueceram, porém, de amar a si mesmas.
“Caríssimos amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus. E todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.”(Jo, 4,7). É fato que o Senhor ensina-nos a amar o outro, pois fomos criados a imagem e semelhança daquele que é “todo amor”. Entretanto, para amar alguém é preciso ter tanto amor dentro de si que possa então ser compartilhado. Como pedir a alguém que ame se ela não foi amada?
O amor é mais do que sentimento, é ensino. Aprende-se a amar na infância com os pais, colegas de escola, familiares, namoros de criança, na Igreja. Mas muitas vezes, mesmo com todos os lugares para se aprender a amar, ainda há alguns que não tiveram a mesma oportunidade de aprender. O que provoca a formação de pessoas extremamente carentes e dependentes do outro. As pessoas do nosso século não conseguem viver só. A possibilidade do isolamento é para os que estão fora dos padrões de moda: feios, gordinhos, cdf, e outros milhares de apelidos perjorativos.
A solidão não foi feita para os belos e bem sucedidos. Fernando Pessoa escreveu: “Se te é impossível viver só nasceste escravo.” Nossa geração nasceu escrava. Quer amar sem se conhecer, sem aceitar suas limitações, sendo estranhas a si mesmas. Quantos jovens não saem de relacionamentos como ‘pássaros feridos, sem força para voar’ e logo começam outro namoro. Seja por fuga, ou muitas vezes, porque é doloroso observar as feridas do passado.
O que se precisa entender é que cada relacionamento terminado deixa marcas eternas. Algumas precisam ser cicatrizadas com o tempo. Outras com curas interiores. Como podemos doar-nos a outro namoro se levamos ao outro nossos vícios do relacionamento anterior? O que a maioria de nossos jovens tem feito por medo de conhecer suas identidades afetivas diante da solidão é entrar de cabeça em outros amores sem perguntar se o outro está disposto a aceitá-lo como está.
Os resultados de relacionamentos assim são desastrosos. Não se ama por fuga, nem se pode começar algo na esperança de aprender a amar o outro com o tempo, porque ele é plantado por Deus. E não parte do desejo humano.  Para se amar é preciso estar curado e livre. Nasceste livre ou escravo?

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